Conferência de Marie-José Mondzain
27 Outubro 2022 (18:30)
Estética e desorientação, uma leitura de Aby Warburg
Se chamamos objetos de arte e gestos de arte àqueles que, quando dirigidos à sensibilidade coletiva, têm um poder emocional emancipador e, por conseguinte, uma força política, será ainda necessário que os dispositivos que os exibem e os discursos que os acompanham para os oferecer ao olhar e à escuta não os submetam à ordem orientada de interpretações abusivas, mesmo que eruditas. Privar a arte da sua relação com a desordem é como privar o espectador da sua relação com a realidade e a sua energia subversiva. Quando a aisthésis é orientada, é uma anaisthesis — uma anestesia — que se instala, privando-nos da fecundidade da desorientação e dessa energia ficcional a que chamamos liberdade. Inspirando-se do caso singular de Aby Warburg, do seu método científico inseparável da história da sua loucura, Marie-José Mondzain pretende analisar o destino de algumas imagens e ver como as palavras que as acompanham podem ter tido uma função decisiva tanto no seu destino individual como no seu destino político. – Marie-José Mondzain
©Thomas Martin