
5 espetáculos franceses no Festival de Almada

Entre os dias 4 e 18 de julho, o 42.º Festival de Almada leva a nove palcos de Almada e Lisboa alguns dos criadores e companhias mais aclamados em edições anteriores. Das 20 criações integradas na Assinatura do Festival, fazem parte propostas de teatro, dança, novo circo, marionetas e teatro de objetos.
Durante aquelas que são, por excelência, duas das semanas mais vibrantes da cena teatral portuguesa, o público poderá ainda usufruir de exposições, encontros com artistas e 17 concertos de entrada livre na Esplanada da Escola D. António da Costa.
Este ano, o festival conta com cinco espetáculos franceses, apoiados pelo Institut français du Portugal, no âmbito do programa MaisFRANÇA.
Qui som? – Baro d’Evel
04.07.2025 – 20h / 05.07.2025 – 19h / Centre Cultural de Belém
Quem somos nós? E em quem é que nos queremos tornar? Eis as perguntas que nos traz esta companhia franco catalã (que apresentou Falaise no Festival de 2022, uma criação inesquecível para muitos, na qual os intérpretes partilhavam o palco com um bando de pombos e um cavalo branco). Juntando agora em cena um grupo de bailarinos, músicos, acrobatas, palhaços e um ceramista, Qui som? cria um universo verdadeiramente poético, cheio de humor, a meio caminho entre o circo e a dança: a música e o corpo, assim como as artes plásticas (sobretudo a cerâmica), desempenham um papel central nesta criação, que passou pelo Festival d’Avignon do ano passado.
Les gros patinent bien – Cabaret de carton – Compagnie Le Fils du Grand Réseau
04.07.2025 – 22h / Escola D. António da Costa – Almada
O espectáculo de abertura desta edição, que foi Prémio Molière 2022, tem um protagonista claro: o cartão! Numa história que se abre para infinitas possibilidades, e numa língua que parece inglês mas não é, um roliço actor shakespeariano conta-nos a história da incrível epopeia de um homem (possivelmente seu antepassado), através da Europa e dos séculos. A seu lado, permanentemente afadigado, um actor franzino soa as estopinhas para que o público entenda o que é contado. Como ferramenta, tem apenas uma imensidão de cartazes feitos a partir de caixas de cartão.
S’assurer de ses propres murmures – Collectif Petit Travers
10.07.2025 – 22h / Escola D. António da Costa – Almada
Um malabarista e um baterista, num espectáculo que tem como título o primeiro verso de um poema de René Char (1907-1988), poeta e resistente francês: “S’assurer de ses propres murmures et mener l’action jusqu’à son verbe en fleur” (“Assegurar-se dos próprios murmúrios e levar a acção até ao seu verbo em flor”).
Marius – Compagnie Louis Brouillard – Joël Pommerat
13.07.2025 – 21h30 / 14.07.2025 – 19h / Teatro Municipal Joaquim benite – Almada
Este espectáculo nasceu do encontro do prestigiado dramaturgo e encenador francês JOËL POMMERAT (n. 1963) — que já apresentou no Festival criações como Círculos/Ficções, Pinóquio e A reunificação das duas Coreias — com Jean Ruimi, um homem condenado a uma longa pena de prisão. Em 2014, no seguimento de uma experiência teatral anterior com outros reclusos, Ruimi deu entrada na penitenciária de alta segurança de Arles, na Provença, mostrando interesse em montar um grupo de teatro. A directora da prisão decide então pôr a arte e a cultura no centro da vida prisional, e convida Pommerat para dirigir esse projecto.
Zugzwang – Le Galactik Ensemble
16.07.2025 – 22h – Escola D. António da Costa – Almada
Depois de, no Festival de 2023, nos trazerem Optraken — em que cinco acrobatas driblavam diversos objectos durante uma hora, sem nunca cair, nem quando o tecto lhes desabava em cima — o Galactik Ensemble volta ao Palco Grande para aprofundar a sua reflexão sobre a relação entre a realidade e a forma. No percurso deste colectivo subsiste uma obsessão: de que forma os corpos se movem em terrenos instáveis? Como é que nos desequilibramos? E de que forma nos adaptamos? O espaço cénico é composto por elementos móveis, criando um movimento constante, que força os corpos a adaptarem se a um ambiente em permanente mudança. A base dramatúrgica desta nova criação é o próprio acidente. Zugzwang é uma palavra alemã vinda do mundo do xadrez e que significa qualquer coisa como: “É a tua vez de jogar, e qualquer lance que faças é mau!”. De facto, no xadrez não é possível ‘passar’ a vez de jogar ao adversário, pelo que estar na situação de zugzwang implica piorar a nossa situação na partida, independentemente da opção que tomarmos. Um pouco como na vida, por vezes.