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26.ª Festa do Cinema Francês: dois meses a celebrar o melhor do cinema francês

A edição de 2025 da Festa do Cinema Francês afirma o festival como um dos mais importantes acontecimentos culturais na relação entre Portugal e França. Ao longo de dois meses — de 2 de outubro a 30 de novembro — a Festa percorreu mais de 15 cidades, apresentou 74 filmes, recebeu 22 convidados internacionais e somou mais de 20 000 espectadores. Um crescimento visível não apenas nos números, mas no alcance cultural e simbólico do evento.

Um programa que atravessa gerações e geografias

Com 135 sessões e uma programação distribuída por 18 salas de cinema, a Festa voltou a trazer a Portugal algumas das mais importantes estreias do ano, diretamente de Cannes, Veneza e Berlim. Dos títulos consagrados ao cinema emergente, das comédias populares às obras de autor, o festival reafirmou a sua vocação: aproximar o público português da vitalidade do cinema francófono.

O Cinema São Jorge reforçou o seu papel como casa da Festa, recebendo mais de 12 mil espectadores, enquanto a Cinemateca Portuguesa voltou a destacar-se com mais de 3 000 entradas — números que confirmam a forte adesão do público lisboeta. No Porto, a programação espalhou-se pelo Batalha Centro de Cinema e Cinema Trindade, reunindo quase 2 000 espectadores. E por todo o país, de Lagos a Guimarães, de Tavira a Évora, milhares de pessoas puderam descobrir novas histórias e novas vozes do cinema francês.

Destaques de programação: estreias, descoberta e memória

A edição de 2025 ofereceu um equilíbrio raro entre tradição e inovação:

  • Ante-estreias absolutas em Portugal, como Alpha, de Julia Ducournau, Caso 137, de Dominik Moll, ou As Cores do Tempo, de Cédric Klapisch.

  • Secção Competitiva “Premières”, espaço para o novo cinema francês, da qual saiu vencedor Ma Frère, de Lise Akoka e Romane Gueret.

  • Rir à Grande e à Francesa, reuniu algumas das comédias mais esperadas do ano.

  • Curtas-metragens, reafirmando o festival como laboratório de novas estéticas.

  • Pequenos Cinéfilos, que voltou a encher salas com sessões familiares.

  • La Belle Époque, onde o cinema clássico encontrou novos públicos.

  • Retrospectiva Alain Delon, uma das mais aguardadas, com mais de vinte títulos que celebraram a carreira do ator recentemente desaparecido.

O impacto educativo também se destacou: mais de 3 000 alunos e professores participaram nas 20 sessões escolares, reforçando o papel do festival na formação das novas gerações de espectadores.

Indústria: onde nascem novas colaborações

A Festa deu um passo decisivo no seu papel de plataforma profissional com o lançamento do 1.º Evento de Coprodução Luso-Francófono, que reuniu produtores, agentes de vendas e instituições dos dois países. Seis projetos foram apresentados, com Wonder Maria, de Sarah Pocas Pascoal, a vencer o Prémio CoPro.

A isto juntou-se a segunda edição de “Do Filme à Série”, encontro dedicado à reflexão sobre desenvolvimento de argumentos e ao papel do produtor num mercado audiovisual em expansão.

Estes momentos consolidam a Festa como um espaço privilegiado de diálogo e criação, essencial para o futuro das coproduções entre Portugal e França.

Eventos paralelos

Da Festa de Abertura na Embaixada de França — com Thierry Frémaux como convidado de honra — à irreverente Gal’Amour no Palácio do Grilo, onde cinema e música se cruzaram em ambiente festivo, os eventos paralelos reforçaram o caráter experiencial da Festa. Atividades como o espetáculo La Troupe – Casting Sauvage ou a oficina familiar Animalário mostraram que a Festa vai muito para além das salas de cinema.

Uma edição marcada pela renovação visual

Em 2025, o festival apresentou uma identidade visual renovada, inspirada na elegância gráfica da Nouvelle Vague e na energia do filme de abertura, Nouvelle Vague de Richard Linklater. A imagem de Jean Seberg, símbolo de liberdade e irreverência, tornou-se o rosto da campanha — e um dos elementos mais reconhecíveis desta edição.

Um festival que cresce, evolui e aproxima

A 26.ª Festa do Cinema Francês mostrou que um festival é muito mais do que a soma das suas sessões: é um encontro entre culturas, gerações, geografias e linguagens artísticas. Em 2025, o cinema francófono encontrou novamente em Portugal um público curioso, participativo e fiel.

E se esta edição deixa algo claro, é que o festival continua a reinventar-se — com ambição, criatividade e vontade de abrir caminho.

Cinema
Institut français du Portugal