Livros – Estreias do mês de setembro de 2025

Jacarandá de Gael Faye
Que segredos esconde a sombra do jacarandá, árvore de eleição de Stella? O seu amigo Milan levará anos a descobri-los. Anos para penetrar nos silêncios do Ruanda, devastado após o genocídio dos tútsis. Ao devolver a palavra aos desaparecidos, os jovens escaparão à solidão e encontrarão paz junto às margens deslumbrantes do lago Kivu.
Ao longo de quatro gerações, Gaël Faye conta-nos a história de um país que tenta renovar-se através do diálogo e do perdão, nunca perdendo a fé na humanidade.
Atlas da II Guerra Mundial de Jean Lopez
Recorrendo a novas fontes internacionais, esta obra, resultado de uma investigação multidisciplinar de três anos, convida-nos a ver as grandes linhas da conflagração através de mais de 300 representações gráficas de dados económicos, demográficos e militares gerados pelos exércitos e ministérios que conduziram a guerra – da produção de armamento aos números da infantaria e artilharia, aviões e frotas de combate, passando pelas batalhas e campanhas, até às baixas, balanços e convulsões coloniais.
Caderno Azul / Depois da chuva de André Juillard
Louise sai do banho nua e, sem se aperceber, é vista pela janela por Armand, que a observa de dentro de uma carruagem de metro parada. Inicia-se, assim, um jogo de sedução entre dois estranhos, apesar de Louise não parecer imediatamente convencida. O romance desenrola-se na cidade de Paris, cuja arquitetura e principais ruas são representadas de forma clara e sensível. O Caderno Azul é complementado com Depois da Chuva, outra história inesperada e envolvente de amor e mistério, que nos absorve até às páginas finais deste livro.
Quem Matou O Meu Pai de Édouard Louis
Com voz apaixonada e urgente, Édouard Louis narra o retorno à sua cidade natal, um local feio e cinzento numa das regiões mais pobres de França, e à casa paterna. É o regresso a uma infância assombrada pela violência, a homofobia e a vergonha, mas também a tentativa de uma reconciliação com esse passado doloroso, materializado numa figura paterna dominadora, agora fisicamente diminuída, frágil e exposta.
Relato de Certos Factos de Yasmina Reza
Através de testemunhos na barra dos tribunais, Relato de Certos Factos explora a discrepância que existe entre a experiência vivida e a natureza da Justiça. Yasmina Reza cria na página uma espécie de teatro do real, em que examina, justamente através dos procedimentos em tribunal, as limitações do amor nas relações humanas e a possibilidade de violência que não raras vezes se encontra à flor da pele. Intercalam-nos pequenos episódios e reflexões da narradora (que também é a autora), alguns muito breves, que ilustram, noutros cambiantes, a vida em retrospetiva – começando pela observação fotografada de velhos casais venezianos, tão juntos e vagarosos que se fundem num só corpo, e nos becos escuros e nas águas sombrias e labirínticas da cidade-laguna.
O Barman do Ritz de Philippe Collin
No coração de uma França invadida, um barman enfrenta segredos, traições e o peso da história. Junho de 1940. Os alemães entram em Paris. Por toda a parte, o recolher obrigatório é rigoroso – exceto no grandioso hotel Ritz. Ávidos por descobrir a arte de viver à francesa, os ocupantes misturam-se com a elite parisiense, enquanto, por detrás do balcão do bar, trabalha Frank Meier, o maior barman do mundo.
Huris de Kamel Daoud
Sou o verdadeiro vestígio, o mais sólido dos indícios a atestar tudo o que vivemos. Escondo a história de uma guerra inteira inscrita na minha pele desde criança. Minha pequena Huri, que virias tu fazer com uma mãe como eu, num país que não nos quer, às mulheres, ou só as quer de noite? Conto-te tudo o que puder, mas, a certa altura, será preciso parar. Sou um livro cujo fim é o teu. Alva é uma jovem argelina com uma tragédia marcada no seu corpo: a cicatriz no pescoço e as cordas vocais destruídas, consequência da guerra civil dos anos 90. Muda, sonha em recuperar a voz. A sua história, só a pode contar numa voz imaginada à filha que traz no ventre.
Não Dormir de Marie Darrieussecq
Este livro é o resultado de uma experiência radical: a insónia e as tentativas desesperadas, curiosas ou mesmo burlescas de a combater. Recorrendo a todo o tipo de remédios: soníferos, barbitúricos, meditação, exercício físico, testes, xamanismo, tecnologia, receitas e expedientes diversos. Marie Darrieussecq relata as suas viagens pelo mundo, habitando quartos de hotel onde o sono nunca chega. E toda a literatura se torna um repositório de vozes insones: «Woolf! Gide! Pavese! Plath! Sontag! Kafka! Dostoiévski! Darwich! Murakami! Césaire! Borges!», exclama a autora, interrogando nas páginas de outros o modo de entender as presenças fantasmagóricas que lhe povoam as suas 1001 noites em branco.
O Sonho do Jaguar de Miguel Bonnefoy
Três gerações, cem anos de revoluções, mil histórias de amor. Quando uma pedinte muda de Maracaíbo, na Venezuela, encontra um recém-nascido abandonado nos degraus de uma igreja, nem imagina o destino invulgar que o pequeno órfão virá a ter. Criado na miséria, Antonio será sucessivamente vendedor de cigarros, carregador nos cais, empregado num bordel, até se tornar, graças à sua fervilhante energia, um dos mais ilustres cirurgiões do seu país. Uma companheira excecional será a sua inspiração.