Livros – Estreias do mês de julho de 2025

O amor não correspondido de Hitler de Jean-Noël Orengo
Albert Speer, arquiteto, confidente e ministro do Armamento e da Indústria de Guerra de Adolf Hitler – o favorito do Führer, o mais poderoso -, publica as suas memórias em 1969. Revisitando o seu passado, desde as grandiosas encenações dos comícios do Partido Nazi até à queda do Reich, completa a derradeira metamorfose que lhe salvou a vida no Processo de Nuremberga, cidade onde anos antes havia erguido a sua catedral de luz, e que o tornará a estrela da culpabilidade alemã.
Pelo socialismo Ecológico de Thomas Piketty
«A afirmação pode parecer surpreendente na altura em que uma preocupante mistura de entrincheiramento identitário e neoliberalismo resignado parece prevalecer em quase todo o lado. Mas mesmo assim continuo otimista. Na condição de termos em conta todas as transformações institucionais que isso implica, assimilarmos todas as lições das estratégias políticas que daí resultam e, sobretudo, nunca deixarmos para os outros a solução das questões sociais e económicas e as reflexões sobre o sistema socioeconómico alternativo. São questões eminentemente políticas sobre as quais todos os cidadãos devem ter uma opinião, e nas quais devem envolver-se. Só invertendo as relações de saber e poder, e retomando o curso das mobilizações sociais e coletivas, poderá a marcha para a igualdade e dignidade recuperar os seus direitos e o parêntesis nacional-liberal ser encerrado.»
Desejar desobedecer de Georges Didi-Huberman
Este livro é um ensaio sobre a fenomenologia e a antropologia – na verdade, sobre a poética – dos gestos de revolta. Examina os corpos e a psique através da ligação profunda, paradoxal e dialética entre o desejo e a memória. Tal como há “o que nos olha” para além “do que pensamos ver”, há talvez “o que nos eleva” para além “do que pensamos ser”. É uma questão que se coloca a montante – ou no interior – das nossas opiniões ou acções partidárias: uma questão que se coloca, portanto, aos gestos e imaginários políticos. É uma questão sobre o poder de nos erguermos, mesmo quando o poder não está à vista. Este poder é tão indestrutível como o próprio desejo. É o poder de desobedecer.
Como animais de Violaine Bérot
COMO ANIMAIS, novela breve e contundente, emerge dos depoimentos dos habitantes de uma aldeia isolada nos Pirenéus, quando uma criança desconhecida é avistada numa gruta e a suspeição se abate sobre um deles, reavivando antigas lendas e mistérios. Desta polifonia se tece um conto da montanha, forte e ambicioso, sobre o direito à diferença, que revisita o tema da criança selvagem. Um livro que se lê de um só fôlego e nos deixa uma duradoura pergunta: quando os que vivem pacificamente à margem da sociedade esbarram na incompreensão de um mundo cada vez mais desumano e alheado da natureza, quem são afinal os animais?
O relatório de Brodeck de Philippe Claudel
Brodeck, cujo passado vamos descobrindo ao longo da história, é incumbido de redigir um relatório após o assassinato do estranho homem que chegou à aldeia meses antes, pondo tudo e todos em alvoroço. O Relatório de Brodeck é uma parábola sombria sobre a guerra, a xenofobia, e a memória, numa história sem espaço nem tempo definidos, mas que conseguimos claramente identificar, e onde se pesa à vez a faculdade de o homem renunciar à sua humanidade e a sua capacidade de sobrevivência.
O relatório de Brodeck de Philippe Claudel – Banda desenhada