3 perguntas a Ruedi Baur, criador do projeto L’École du non-savoir

L’École du non-savoir parte de um conjunto de imagens que exploram a ideia de uma escola onde se trabalha aquilo que não sabemos, em vez daquilo que sabemos. Os trabalhos recolhidos, realizados por estudantes de mais de 30 escolas e universidades internacionais, geraram recursos visuais que permitem desenvolver narrativas com o objetivo de transmitir conteúdos simples ou complexos dos quais não temos conhecimento. Trata-se de conteúdo perdido ou ignorado, dos grandes mistérios das nossas sociedades, mas também daquilo que poderemos descobrir no futuro no campo das ciências humanas, das ciências políticas e das ciências exatas. A exposição L’École du non-savoir será apresentada no âmbito da Porto Design Biennale, de 21 de outubro a 3 de novembro de 2023, na estação de Metro de São Bento no Porto.
Fizemos 3 perguntas a Ruedi Baur, criador do projeto.
O que é a Escola do Não-Saber?
A Escola do Não-Saber não se trata de transmitir conhecimentos, mas de explicar coisas que foram esquecidas, ou que correspondem a coisas que os investigadores ainda não descobriram, ou sobre todos aqueles assuntos que não queremos abordar porque são demasiado complexos, demasiado incertos, ou que algumas pessoas não querem que saibamos. Trata-se de afirmar o facto de que não sabemos certas coisas e que enfrentar esse desconhecimento, as dúvidas, as interrogações, as disputas e as contradições é absolutamente essencial para qualquer sociedade, por mais avançada que seja. A escola reúne atualmente professores de design e investigadores que trabalham na transmissão visual e verbal deste não-saber. É um exercício difícil, porque cada imagem é em si mesma uma afirmação, e o nosso sistema educativo ensina-nos a persuadir em vez de questionar.
Porque escolheram apresentar este projeto em eventos relacionados com o design?
O resultado de um ano de investigação coletiva será a apresentação de cerca de uma centena de painéis pedagógicos sobre os grandes temas da nossa sociedade, desde a paz e o recrudescimento do fascismo à ecologia, às doenças degenerativas e a muitos outros temas definidos por cada professor e grupo de investigação. É uma enorme procura de comunicação visual no sentido mais nobre do termo, ou mesmo de design de informação, uma vez que o objetivo é criar narrativas visuais que sirvam de base à apresentação oral de um professor, por exemplo. Pareceu-nos importante retomar os princípios dos painéis didáticos que permitiram aos nossos professores explicar-nos, por exemplo, a vaca, o seu esqueleto, como se faz o leite e o estábulo. Só que aqui o tema são as perguntas abertas. Estamos no centro do que deve ser o design gráfico.
Que forma assumirá a exposição na Bienal de Design do Porto?
A exposição será apresentada na estação de metro de São Bento, que é uma zona de muito movimento. Estou muito contente com isso, porque estamos a fugir da caixa branca elitista. Paralelamente à exposição, durante a primeira semana, vamos organizar um workshop com alunos da Esad sobre a evolução dos espaços habitacionais, que complementará a exposição. Paralelamente à exposição, a nossa escola está a lançar uma nova sessão com novos temas e novos painéis, que será apresentada em fevereiro de 2024 em Paris.